Se o Highlander fosse gordo, tinha morrido no primeiro filme

Um dia como qualquer outro, saí pra caminhar. Caminhar me ajuda a dormir, faz meu dia render, é aquela horinha que só preciso me preocupar em dar um passo depois do outro. Alonguei, coloquei um podcast pra ouvir e fui.

Torci o pé gostoso. Mas gostoso mesmo. Se tivesse um cardápio com lesões, eu teria escolhido a que tinha batata frita no lugar da salada.

Mas o foda não foi a dor do caralho e as pedras que entraram embaixo da pele na mão. O foda não foi a ansiedade dominar o corpo e me fazer ter a certeza de que quebrei o tornozelo. O foda não foi ir mancando até a padaria pra pegar gelo, com o pé bem melhor, mas ainda doendo pra caralho. Não quebrou, já dava pra ficar em pé e voltar devagar pra casa. Mas o foda não foi nada disso.

Foda foi quando eu estava no chão, gemendo de dor, uma tia que parar pra me perguntar o que tinha acontecido e soltar um “olha, difícil vai ser levantar você desse tamanho, hehehe”. Se ela queria pagar de engraçadona, errou rude. Difícil, minha senhora, foi segurar a minha vontade de mandar você catar coquinho na rampa.
Foda também foi uma outra tia, cinco minutos depois, que me viu colocando o gelo no pé falando que eu tinha que comer mais coisas orgânicas pra melhorar minha alimentação e perder peso.

Porque claro, é só esse conselho que as pessoas me deram a vida toda. É só isso que vocês têm pra falar, porque tirando o meu IMC somos iguais. Temos os mesmos medos, as mesmas neuras, estamos todos procurando alguma coisa pra preencher o vazio da existência. Mas somos diferentes porque meu número numa balança tem três dígitos, então é disso que vocês vão falar.

Parece até que só as pessoas gordas caem. Só as pessoas gordas torcem o tornozelo. Só as pessoas gordas sofrem de problemas cardíacos, hepáticos, pulmonares. As pessoas magras vão viver eternamente. Cada gominho na barriga são mais cem anos de vida, ouvi dizer. Então levantem seus shakes de whey com batata-doce e façam um brinde à eternidade.

Aquela vez que fui na expo do Castelo Rá-Tim-Bum

Hoje colei lá no MIS (Museu da Imagem e do Som) pra ver a exposição do Castelo Rá-Tim-Bum. Nostalgia, ansiedade, crianças descontroladas e adultos fazendo biquinho em selfie. Não fosse um dos meus programas favoritos quando criança, seria a fórmula perfeita pra um dia de merda. E quase foi.

Achei no mínimo engraçado ter uma criançada de uns 5 ou 6 anos de idade no máximo por lá. Quando eles nasceram, o programa já nem passava mais, talvez nem conseguiram pegar uma reprise. Minha ansiedade por ver de perto aquele universo que me acompanhou durante a infância junto com Doug, Tintin e Babar na TV Cultura era tão grande, que por um segundo cheguei a pensar “moça, desculpa falar mas seu filho não sabe nem quem é o desgraçado do Naruto, quanto mais o sobrinho do Dr Victor. Essa criança não tem a menor dimensão da genialidade dessa exposição.”

E nem tem que saber mesmo. São crianças, caralho. E antes que a irritação tomasse conta de mim na forma de uma horda de crianças correndo e gritando, me senti escroto por, mesmo por uma fração de segundo, achar que elas não merecessem estar naquela exposição. Tá errado, fi.

Castelo Rá-Tim-Bum foi extremamente marcante pra mim e pros meus irmãos pelo teor fantástico e educativo ao mesmo tempo. Foi uma época incrível, um programa tão genial que não quis me entregar ao egoísmo de achar que só quem vivenciou aquilo é merecedor do acesso à expo. Criança tem mais é que correr pra lá e pra cá mesmo, e se os pais dela querem tirar foto com os manequins do Tíbio e Perônio fazendo biquinho, pau no meio do cu bronzeado deles. Estive ocupado demais vendo os croquis, os rascunhos, os testes de figurino, os bonecos e a cenografia de um divisor de águas na produção audiovisual brasileira. Ok, se eu disser que não passei ridículo tirando uma foto com a Adelaide, estarei mentindo haha.

Enfim, a expo foi muito bem arquitetada, o conteúdo é extremamente completo e incrível, e vale cada minuto da espera. E, tirando a equipe do MIS que pareceu ser orientada a desencorajar o pessoal que chegava pra tentar ingresso, o Museu está de parabéns pela organização. Se você ainda não foi, vá. E se tiver filho, leve: todo mundo tem que conhecer o Castelo mais foda de todos os tempos. Chupa Hogwarts.

Aquele beijo no cu de quem teve uma injeção de nostalgia na veia hoje.

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Trombei: João

Todas as informações a seguir foram coletadas no tempo de eu comer um enroladinho de frango numa lanchonete do lado de casa.

João me contou que nos barracos embaixo do metrô Santana tinha saído uma briga, um cara com um pedaço de pau do tamanho de um taco de baseball correndo atrás do outro. Ali é barra pesada e por isso ele tá sempre acompanhado da Maria Branca, um facão de estimação que ele carrega na mochila (é um facão daqueles de cortar mato num dia de sol com com o Indiana Jones em alguma aldeia de pigmeus).

Mas ele me contou que pro lado que ele mora é mais sossegado, tirando o filho da puta que mora no cortiço que todo dia de manhã coloca muito cloro no banheiro. O cheiro é tão foda que “nem Satanás entra naquele banheiro quando ele faz isso”. João tem planos de cimentar o vaso, só de raiva. “Aí eu quero ver o filha da puta colocar cloro. Eu não tô nem aí, eu cago no boteco mesmo”. A dona da casa é gaga e chama Dona Maria, e o João já avisou ela que o filha da puta põe muito cloro no banheiro às 6 da manhã.

Ele trabalha pra caralho, cobrou R$500 pra fazer um serviço pra uma senhora que pagou ele com uma nota falsa de cem reais no meio. E aí ele vai cobrar dela segunda feira.

Mas o cheiro do cloro que aquele desgraçado coloca no banheiro de lá é uma coisa insuportável, é foda pra caralho, chega a arder os olhos.

Ele também tem três filhos. O mais velho tá no Japão e não dá mais trabalho, mas as duas meninas, de 14 e 16 anos dão “abraço de jacaré” nele, com uma mão já na carteira.  Sabem até a senha do cartão da Caixa, sorte que ele conhece a moça que trabalha lá. Chegando em casa, ainda hoje ele ia cozinhar. Roubou dois sachês de maionese em cima do balcão, pôs o indicador na frente do rosto como quem pede silêncio e saiu.

Aquela vez que a noite foi massa, mas meu celular quebrou e eu comi uma bolacha

Aconteceu ontem.

Depois de um ano invicto, completamente intacto, sem nenhum arranhão, meu celular sucumbiu às leis da gravidade e caiu no chão. Até aquele momento, dava pra colocar o aparelho de volta na caixa e eu podia te vender o desgraçado como novo, visto que a única diferença entre ele e um novo eram fotos minhas fazendo um ensaio sensual no metrô. E isso é sério.

Eu tive uma noite muito divertida na Ludus, ri igual uma hiena que fumou maconha e assistiu à As Branquelas. Era só entrar em casa, e o saldo do dia teria sido extremamente positivo. Mas abrir um portão é uma tarefa complicada pra mim, por falta de habilidade. E aconteceu. E foi em câmera lenta. Caiu virado pra baixo, e assim ficou. Por uns segundos, ele era o Gato de Schrödinger na forma de um Nexus 4. Ele estava com a tela quebrada e intacta ao mesmo tempo. O que me dá vontade de rasgar o cu com a unha é que ele caiu da altura mínima necessária pra rachar a porra toda. Eu tenho certeza que se os Mythbusters estivessem por perto eles iriam comprovar que, se ele tivesse caído de um centímetro pra baixo, ele estaria inteiro.

Nessas horas eu vejo a terapia funcionando. Me conformei em tempo recorde com a situação, coloquei meu chip num celular quebra-galho e separei a garantia pra levar numa assistência. Mesmo com aquele vazio existencial causado pelo pensamento “se eu fosse menos gordo estabanado-pra-caralho ele não só estaria inteiro, como eu teria dois dele”. Mas esse tipo de coisa acontece o tempo todo com gordos e magros. É foda.

Foi então que eu abri minha mochila pra colocar a garantia numa pasta e eu vi um pacote de bolachas diet que ganhei da minha namorada. Um coral de anjos cantou uma linda canção de amor nessa hora. O teto se abriu e dele desceu a Kate Nash de cinta liga cantando Molejo sentada num balanço encrustado de jóias, enquanto cabritos dançavam a Macarena com a roupa do Michael Jackson. E caralhos me fodam, naquele momento, a vida era boa de novo. Sou muito grato por ser o tipo de gordo que esquece as coisas com comida, porque esse tipo de coisa é fundamental na vida.

A propósito, esse é meu book sensual no metrô:

Aquela vez que minha irmã foi substituída pelo Thom Yorke

Quem me vê conversando com a minha irmã hoje em dia não imagina o tanto que eu já briguei com aquela gorda-baleia-saco-de-areia (haha!). Apanhar mais que um bife de segunda porque tocou fogo no cabelo das bonecas dela? Tranquilo. Ver seu boneco dos Power Rangers que trocava a cabeça voar pela janela em retaliação às bonecas defumadas? Moleza. Levar uma coça fenomenal porque ela contou pros seus pais alguma merda que você fez? Fichinha.

Notícia chata pra você que tem irmã(o) e nunca brigou FEIO com ela(e):
Um de vocês é adotado.

Mas tô falando de briga feia. Tô falando do tipo de merda que você só veria no Casos de Família. Tô falando de se amarrar pelos braços e lutar com facas no melhor estilo Beat It do Michael Jackson. No meu caso, tô falando de morar sozinho com ela por 6 meses no Anhangabaú e um belo dia ser barrado na portaria pelo porteiro que você cumprimentava todo dia, porque ela mandou não deixar subir o “gordinho cabeludo que parece com ela”. Simples assim, eu não podia mais entrar no apartamento que eu dividia com ela naquela rua fétida e lotada de travestis mutantes no Anhangabaú.

Fiquei um ano sem nem olhar na cara dela e fiz o que todo homem maduro e com atitudes superiores faria: substituí ela por famosos nas fotos do Orkut (R.I.P.).

De Thom Yorke a Eddie Murphy, passando por Scarlett Johansson e acho que tinha uma com o Walter Mercado no meio. A gente acabou se acertando, formamos uma banda, demos uma volta ao mundo num balão, nos tornamos dois agentes negros do FBI que se vestem de mulheres caucasianas pra solucionar um crime e… Não, pera, isso é o enredo de As Branquelas. Hoje a gente é mais unido que os testículos de um idoso cruzando a perna, mas a gente já brigou muito, e apesar de às vezes querer desenhar uma rola na cara dela com um ferro de solda, eu não troco essa gorda do caralho por nada nessa vida.

Aquela vez que eu fodi o casamento de outro Renan

Eu sempre ganhei presente no dia dos namorados. Não por ter uma namorada, mas porque é meu aniversário. E é quase uma tradição meus amigos me desejarem feliz dia dos namorados ao invés de feliz aniversário, uma vez que a zuera, essa entidade fanfarrona, não conhece limites. Aí num belo dia 12 de junho uma amiga me liga:

– Re, fiz merda.
– Que houve?
– Te mandei “Feliz seu dia, baby <3” por SMS.
– Não recebi!
– Eu inverti dois números sem querer. Foi pra outra pessoa.
– Hahahahahaha sério?
– Que também chama Renan.
– Caralho, que coincidência!
– E que ESTAVA noivo.

Puta que me pariu dando um mortal de costas. Sério, quais eram as chances de existir um desgraçado, noivo, que tem o mesmo nome e quase o mesmo número de telefone que eu (que faço aniversário no dia dos namorados)!? Parece uma daquelas histórias retardadas que passavam no Fantástico encenadas pela Denise Fraga.

Resumo da ópera: a noiva ligou dizendo que era muita cara de pau da minha amiga mandar a mensagem e que sabia que o noivo tinha outra, usando como pontuação palavras do tipo vaca, mentirosa, puta e satanás. Depois, a mãe da noiva ligou querendo saber da onde minha amiga conhecia o tal do Renan. E, pra finalizar o circo, a mãe do noivo ligou dizendo que a gente tinha destruído uma família.

Ligamos de volta tentando explicar a porra toda, mas até explicar que focinho de porco não era tomada, a noiva já tinha terminado tudo, saído de casa e desmarcado o casamento. Diz ela que já desconfiava e que minha amiga só confirmou a traição.

Sempre que chega essa época do ano eu lembro dessa história, e fico me perguntando o que caralhos aconteceu com os noivos. Ou eles se acertaram, ou eu fiz um puta de um favor pra ele.

A barrinha de cereal sabor torta de morango silvestre existe porque tem gente que leva tudo muito a sério.

Hã? Renan tá fumando imã de geladeira?

Não, é isso mesmo. Sabia que existe uma barra de cereal cujo sabor é “torta de morango silvestre”? O que aconteceu com a boa e velha barrinha sabor morango? Provavelmente não era boa o suficiente pro paladar de um punhado de frescos do caralho. Aí lançaram uma barra com esse sabor porque isso faz muito sentido pra esses chatos.

É assim com tudo hoje em dia: não podem existir pontas soltas em nada nessa vida. Quando eu escrevi o texto sobre o Metrô de São Paulo, eu tive um certo receio de publicar, simplesmente porque eu sabia que a “Polícia do Pêlo em Ovo” ia aparecer e distorcer tudo. Era questão de tempo.

Nossa, como o autor é estressado!
Nossa, ele tá dizendo que paulistano é tudo cuzão!
Nossa, ele disse quem não é paulistano é tudo cuzão!
Nossa, ele incita a violência com pescotapas!

Não cabe a mim impedir ninguém de opinar, mas muita gente perdeu o foco aqui. O ponto do texto é falta de educação no Metrô, não a falta de educação inerente a paulistanos ou migrantes. Não é sobre o nível de cultura de cada lugar. O post é sobre algo mais universal. Da onde que alguns tiraram que “paulistano é tudo cuzão” no texto? Porra, cuzões são cuzões! Alguns são paulistanos, outros são cariocas, e tem gente que jura que já viu cuzão no Acre. Mas o ponto é que eles são cuzões. E não são cuzões só porque me desagradam, eles desagradam uma a penca de pessoas que usam o Metrô todo santo dia, basta ler os comentários.

Nossa, como ele fala palavrão!
Nossa, o texto é tosco e não me acrescentou em nada!
Nossa, ele só quer chamar atenção!
Nossa senhora, me dê a mão, cuida do meu coração!

Sabe o que é legal de fazer nessas horas? Procurar outra coisa pra ler. Pra quê perder tempo dizendo o quanto você odiou algo? Use esse tempo pra procurar alguma merda que lhe agrade. Existe um site chamado Google que tem um montão de conteúdo lá. Tem coisas sobre anões, sobre carrinhos de supermercado, sobre sexo e sobre esses três juntos. Garanto que lá tem alguma coisa que te interessa, é só saber procurar. Eu realmente tenho a boca suja, mas educação tá muito mais em respeitar os outros, em pedir e dar licença, em agradecer e pedir por favor. Sinto muito, mas esse blog é meu, e aqui eu falo do jeito que eu quiser. Se você não gosta de palavrão, pau no seu nariz.

Sinceramente? Eu não ligo muito pra nada disso, mas a repercussão repentina e massiva do texto me fez pensar em como a maioria das pessoas leva tudo tão a sério. Isso vale também pra todos os que concordam com o texto anterior mas partiriam para a ignorância pra resolver. Pelo amor das tetas deste que vos fala: façam as coisas com mais calma. Leiam com calma, comentem com calma. Usem fio dental sabor menta com calma. A propósito, para os que claramente faltaram nas aulas de interpretação de texto na escola, é sobre isso que se trata esse texto, sobre a urgência, o apego a detalhes e sobre levar tudo muito a sério.  Não é sobre alimentos com fibras. Apenas COMA a porra da barra de cereal.

Ah, e jogue a embalagem no lixo, seu cuzão.

 

Não é o paulistano que é mal-educado. Você que é um cuzão.

Já ouvi muita gente, inclusive alguns paulistanos, dizendo que o pessoal de sampa é um povo estressado, mal educado e apressado. Principalmente no transporte público e, em especial, no metrô.

Não é bem assim. É só parar pra pensar: todos os dias pelo metrô circulam quase 4 milhões de pessoas. QUATRO FUCKING MILHÕES. Traduzindo pra linguagem contemporânea, isso é o que chamamos de gente pra caralho. Isso significa que se não houver certas diretrizes pra manter um fluxo, vira uma tremenda de uma zona. Quando você simplesmente ignora essas diretrizes (que estão em placas por todos os lados nas estações), você que está sendo mal-educado e cabe ao paulistano estressado te lembrar que você está sendo um cuzão. Se não ficou clara a idéia pra você, vou te mostrar como você pode ser um cuzão e nem saber disso:

Cuzão que não deixa a esquerda livre na escada rolante
Tudo bem, você tem o direito de ir e vir. Mas quando você trava a vida de todo mundo atrás de você, você está sendo um tremendo de um cuzão. Se você não quer andar na escada rolante porque é um gordo preguiçoso como eu, fique na fila da direita. E sua namorada não vai ganhar um par de bolas peludas e enrugadas se ela não ficar do seu lado na escada, ela pode ficar no degrau seguinte.

Cuzão que entra no vagão e  já se planta na porta
Você não está sendo uma pessoa prática e ligeira da cidade grande, você está sendo um cuzão de marca maior. Se você tem preferência em ficar na porra da porta, entre no vagão por último. Quando você se planta na porta logo que entra, dá direito pra uma dezena de pessoas atrás de você de te darem uma ombrada e fazer você rodar igual ao Pião do Baú.

Cuzão que desce pelo lado do embarque
Algumas estações tem um lado certo pra sair do vagão e outro para entrar, como a Luz e a Sé, devido ao grande fluxo. Mas existem algumas pessoas muito malandras que preferem cortar caminho e saem pelo lado do embarque. Muitas delas fazem isso quando quando o lado do embarque está apinhado de gente querendo entrar. Você não é uma pessoa sagaz quando faz isso, você é um atlético, musculoso e parrudo cuzão.

Cuzão que chega na catraca e pára pra procurar o bilhete
Juro que isso é uma coisa tão óbvia que deviam ter agentes do metrô plantados nas catracas com a ordem de dar um pescotapa em quem chega na catraca e abre a bolsa pra procurar o bilhete. No meu país fictício, isso é punível com uma caminhada de 1Km sobre uma trilha de Lego.

Cuzão que não espera quem está dentro do vagão sair
Esse pra mim é o ápice do egoísmo. Você que está fora do vagão, na pior das hipóteses, vai ter de esperar alguns minutos pra pegar o próximo trem se esse estiver muito lotado. Quem está dentro e precisa sair, se não conseguir vai ter que descer na próxima estação e pegar o trem de volta, supondo que na próxima estação ele possa fazer isso (algumas estações como o Tietê não permitem isso sem que você saia da catraca e entre de novo, pagando).

Vamos fazer uma conta de boteco aqui. Suponhamos que um cuzão atrase a vida de 15 pessoas. Vamos supôr também que, de cada 100.000 pessoas no metrô, 1% delas (1.000) sejam cuzões. Seriam então 15.000 pessoas tendo suas vidas fodidas por um cuzão. Se colocarmos nessa conta o número de horas que o metrô fica aberto e o número de estações na malha metroviária de São Paulo, temos uma cidade estressada, mal-educada e apressada. Tudo porque você é um puta de um cuzão.

Aquela vez que uma desgraçada deu ré na minha vaga

O ser humano tem uma capacidade incrível que eu admiro muito: a de criar regras conforme lhe convém. Desde criancinha, todo mundo já aplicou uma malandragem dessas pelo menos uma vez na vida. Pode ter sido no pega-pega, dizendo que “não vale rebote”, no esconde-esconde inventando de última hora que “não vale guardar caixão” ou até mesmo no futebol com o clássico “o Renan não pode ser goleiro porque ele tampa o gol todo”.

Eu sempre achei genial isso, como as pessoas inventam algumas coisas só pra ficarem com a consciência tranquila enquanto deliberadamente fazem algo estúpido. Mas teve uma senhora que conseguiu transcender até isso.

Era uma quarta-feira, dia no qual uma pizzaria do shopping oferecia rodízio a partir das 19h. Eu e meu cunhado (construam essa persona, por favor: careca, com uma barba de uns 20cm, camiseta de banda de metal, gordo, grande e com aquele semblante sereno de uma pessoa que provavelmente vai te torcer os mamilos com um alicate se você olhar por muito tempo pra ele) estávamos no estacionamento procurando uma vaga pra parar, naquele mar de carros infernal. Decidimos desligar o carro e esperar por alguém que estivesse saindo porque é imbecilidade ficar rodando com o carro nessa hora. Depois de meia hora, um casal entra num carro próximo e sai. Meu cunhado já ligou o motor e começou a dar seta e, enquanto embicava o carro, um outro veículo veio lá da puta-que-o-pariu, de ré, e entrou na vaga. Protestamos dizendo que estávamos na fila. A resposta da retardada mental que estava ao volante foi:

“De ré não existe fila”

Tem como não admirar a criatividade desta filha da puta? Decidimos ir pelo caminho da superioridade e deixamos ela ficar com a vaga, mas eu deveria ter cumprimentado ela pela genialidade… com um bujão de gás… na testa.

 

 

Aquela vez que eu rasguei a mão numa reunião de negócios

Reunião de negócios: tranquilo, plano de negócios pra lá, fluxo de caixa pra cá, projeção do caralho a quatro com base no alinhamento dos planetas em relação à Terra e todo aquele papo que, pra quem é de comunicação visual como eu, é GREGO. E quando a reunião é com uma pessoa mais chegada sempre termina com aquele bate-papo mais à vontade que não vai pra lugar nenhum. E nessas horas, falar de futebol na minha frente é pedir pra te ignorar como se você fosse uma música do Capital Inicial.

Eis que um belo dia, depois de uma reunião com um conhecido que conhecia potenciais investidores, entramos numa conversa desgraçada sobre futebol. Procurei algo pra me entreter, vi um bloco de madeira. Caralho, mas que hora propícia pra cortar um toco de madeira compensada com um estilete, fala aí!?

Todo mundo já fez algo burro, tipo ficar horas editando algum documento e clicar errado em “Não Salvar” quando fecha sem querer o arquivo, sabe? Você fica por uns minutos decidindo se vai dar uma cabeçada no espelho ou fechar o próprio saco numa gaveta. Bom, nesse dia, eu consegui ir além. Meu sócio tentou me avisar: você vai fazer merda, Renan.

Deseja ouvir essa informação antes de continuar? *click* Não
Puta merda, cliquei errado.

Caralho, eu nunca achei que passasse tanto sangue na região do dedão. E essa nem foi a parte dolorosa: o convênio decidiu que aquela não era uma boa hora pra me atender e eu fui num hospital sem saber se meu convênio cobria, antes que eu perdesse todo meu sangue pelo dedão. Gastei uma nota pra fechar 13 pontos, cancelei o show da minha banda que aconteceria no dia seguinte e, claro, nenhum investidor pareceu se interessar numa empresa que tem um gordo retardado mental como eu na sociedade.